É muitas vezes citada a frase de Cristo: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt., 22, 21). É ela que fundamenta, do ponto de vista cristão, a separação da Igreja do Estado, reconhecendo a este autonomia de determinação no que concerne ao governo dos povos. Tivera Maomé enunciado princípio semelhante, e o islamismo estaria hoje livre da servidão de ditar normas na esfera civil e de impor a sharia no domínio jurídico.
Mas, muito antes de Cristo, já nos Salmos a Bíblia enunciava um princípio de alcance igual ou talvez ainda maior do que este: “O Céu é do Senhor; a Terra deu-a aos filhos dos homens” (Ps. 112, 16), princípio que prolonga e explicita a ordem de Deus após criar o mundo: “Crescei e multiplicai-vos – dominai a Terra” (Gen., 1, 28).
O mundo está cheio de problemas, muitos deles, aliás, criados pelo próprio homem. Perante esses problemas, não é raro ouvir os crentes remeter para Deus a esperança da sua resolução. Ora, sem negar a possibilidade da intervenção divina e da sua ajuda (resta saber em que plano, moldes e medida), perante um problema do mundo, seja ele crise económica, catástrofe natural ou pandemia, é para si próprio que o homem deve olhar e para as suas capacidades de inteligência e de acção que deve apelar – porque a Terra é domínio que Deus Lhe reservou.
O que fica dito pode parecer ousado, quiçá blasfemo, como se configurasse um convite ao esquecimento de Deus, um renegar da oração como meio de implorar o favor de Deus. Não é assim. Claro que se pode pedir a ajuda de Deus. Mas confesso que me parece quase insultuoso para a bondade divina ver a relação com Deus reduzida a um rol de petições terrenas em que a sua intervenção se espera para as coisas mais abstrusas, desde a cura duma doença até à chave do euromilhões...
Na oração, que é relação com Deus, o pedir é apenas um dos aspectos, a par de muitos outros (o louvor, a adoração, a acção de graças...). Não me esqueço, claro está, das palavras de Jesus “pedi e recebereis”; mas é de lembrar também que, quando fala do atendimento que Deus faz dos pedidos dos seus filhos, Jesus diz: “Quanto mais o vosso Pai do Céu dará o Espírito bom àqueles que o pedem” (Lc., 11, 13).
Este espírito bom é aquele que nos leva a acreditar que, por maiores que sejam as provações, todas elas acabarão por convergir no nosso bem – se realmente amamos a Deus.
Mas, muito antes de Cristo, já nos Salmos a Bíblia enunciava um princípio de alcance igual ou talvez ainda maior do que este: “O Céu é do Senhor; a Terra deu-a aos filhos dos homens” (Ps. 112, 16), princípio que prolonga e explicita a ordem de Deus após criar o mundo: “Crescei e multiplicai-vos – dominai a Terra” (Gen., 1, 28).
O mundo está cheio de problemas, muitos deles, aliás, criados pelo próprio homem. Perante esses problemas, não é raro ouvir os crentes remeter para Deus a esperança da sua resolução. Ora, sem negar a possibilidade da intervenção divina e da sua ajuda (resta saber em que plano, moldes e medida), perante um problema do mundo, seja ele crise económica, catástrofe natural ou pandemia, é para si próprio que o homem deve olhar e para as suas capacidades de inteligência e de acção que deve apelar – porque a Terra é domínio que Deus Lhe reservou.
O que fica dito pode parecer ousado, quiçá blasfemo, como se configurasse um convite ao esquecimento de Deus, um renegar da oração como meio de implorar o favor de Deus. Não é assim. Claro que se pode pedir a ajuda de Deus. Mas confesso que me parece quase insultuoso para a bondade divina ver a relação com Deus reduzida a um rol de petições terrenas em que a sua intervenção se espera para as coisas mais abstrusas, desde a cura duma doença até à chave do euromilhões...
Na oração, que é relação com Deus, o pedir é apenas um dos aspectos, a par de muitos outros (o louvor, a adoração, a acção de graças...). Não me esqueço, claro está, das palavras de Jesus “pedi e recebereis”; mas é de lembrar também que, quando fala do atendimento que Deus faz dos pedidos dos seus filhos, Jesus diz: “Quanto mais o vosso Pai do Céu dará o Espírito bom àqueles que o pedem” (Lc., 11, 13).
Este espírito bom é aquele que nos leva a acreditar que, por maiores que sejam as provações, todas elas acabarão por convergir no nosso bem – se realmente amamos a Deus.
©J. Tomaz Ferreira