“Os cristãos não se distinguem dos outros homens nem pelo território nem pela língua nem pelo modo de viver […] Moram em cidades gregas ou bárbaras, conforme a sorte que coube a cada um, e adaptam-se aos usos do país no que diz respeito ao vestuário, à alimentação e ao restante estilo de vida, dão testemunho de uma forma de vida social maravilhosa que – na opinião de todos – tem algo de incrível. Moram na sua própria pátria mas como estrangeiros; participam em todos os deveres como cidadãos, e suportam tudo como estrangeiros. Cada terra estrangeira é pátria para eles e cada pátria é terra estrangeira. Casam como todos os outros e têm filhos, mas não expõem os recém-nascidos. Têm mesa em comum, mas leito não. Vivem na carne, mas não segundo a carne. Moram na terra, mas são cidadãos do céu. Obedecem às leis estabelecidas, mas, com o seu teor de vida, estão acima das leis. Amam todos e são perseguidos por todos. […] Em síntese, os cristãos são no mundo aquilo que a alma é no corpo. […] A alma ama a carne, que a odeia, e os membros: também os cristãos amam aqueles que os odeiam. A alma está encerrada no corpo, mas ela própria sustenta o corpo: também os cristãos são mantidos no mundo como numa prisão, mas eles sustentam o mundo. […] Tão elevado é o posto que Deus lhes atribuiu que não podem abandoná-lo.”
Epístola a Diogneto (texto de autor desconhecido do sec. II)