Todos os anos, no dia 1 de Novembro, a Igreja celebra a Festa de Todos os Santos. A explicação que geralmente se avança para esta celebração é a impossibilidade de dedicar um dia a cada santo: o ano tem 365 dias e o número dos santos ascende aos muitos milhares. Refiro-me, evidentemente aos santos canonizados, isto é, àqueles que a Igreja, reconhecendo a heroicidade da sua virtude em vida, propôs como modelos a imitar pelo povo cristão.
Confesso que sempre achei redutora esta definição de “santo”: nos primórdios, S. Paulo, por exemplo designava por “santos” todos os cristãos. A minha discrepância em relação ao conceito corrente baseia-se em algo muito esquecido, mas que indiscutivelmente integra o “corpus” da doutrina cristã comummente aceite: a Comunhão dos Santos. Por ela se entende que há uma corrente de vida que circula entre todos os que, partilhando a mesma fé em Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador (segundo a fórmula dos primórdios) e incorporados em Cristo pelo Baptismo, formam o Corpo Místico de Cristo. E porque fazem um só corpo, partilham a mesma vida – a vida nova, a vida divina que os tornou filhos de Deus. É esta corrente mística que percorre o corpo todo e torna cada um dos membros participante nos méritos daqueles que sabem pôr a render os talentos com que o Senhor os amerciou, e faz com que as minhas falhas se repercutam negativamente no crescimento dos meus irmãos.
Para mim, portanto, a festa de Todos os Santos é a festa de todos os cristãos: os que forem e os que são. É a festa da família de Deus, a festa em que a Igreja se celebra a si própria em todas as vertentes por que pode ser olhada: triunfante, naqueles que, tendo adormecido no Senhor, gozam da felicidade da bem-aventurança eterna; militante, naqueles que continuam a sua peregrinação terrena à espera do Senhor que há-de vir e a torná-lo cada vez mais próximo no louvor que lhe exprimem, no bem que semeiam à sua volta, no trabalho que desenvolvem para transformar o mundo e gerar dele a Cidade Nova em que Deus será tudo em todas as coisas.
Infelizmente, à festa de todos os Santos, segue-se no dia 2 de Novembro, o dia dos Fiéis Defuntos – os Finados. É a festa da saudade que, ao que parece, fez esquecer a festa da alegria que é o 1 de Novembro. De facto, com a azáfama de arranjar sepulturas, de pôr flores nas campas, parece que toda a atenção se fixa nos que nos eram queridos e já partiram de nós. Veja-se a cobertura televisiva que é dada ao evento, onde só aparecem cemitérios e flores.
Lamento que assim seja. Porque os entes queridos que nos deixaram também são celebrados no dia de Todos os Santos que é, repito, a festa de toda a família de Deus. Quanto ao culto dos mortos, ao sufrágio de suas almas, permito-me lembrar S. Agostinho, para quem a lembrança dos que partiram mais serve para consolo dos vivos do que para refrigério dos mortos.
Para mim, a festa de Todos os Santos inclui a celebração de todos – mesmo todos – viveram ou vivem acreditando em Jesus Cristo e são membros do Seu Corpo Místico.
Confesso que sempre achei redutora esta definição de “santo”: nos primórdios, S. Paulo, por exemplo designava por “santos” todos os cristãos. A minha discrepância em relação ao conceito corrente baseia-se em algo muito esquecido, mas que indiscutivelmente integra o “corpus” da doutrina cristã comummente aceite: a Comunhão dos Santos. Por ela se entende que há uma corrente de vida que circula entre todos os que, partilhando a mesma fé em Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador (segundo a fórmula dos primórdios) e incorporados em Cristo pelo Baptismo, formam o Corpo Místico de Cristo. E porque fazem um só corpo, partilham a mesma vida – a vida nova, a vida divina que os tornou filhos de Deus. É esta corrente mística que percorre o corpo todo e torna cada um dos membros participante nos méritos daqueles que sabem pôr a render os talentos com que o Senhor os amerciou, e faz com que as minhas falhas se repercutam negativamente no crescimento dos meus irmãos.
Para mim, portanto, a festa de Todos os Santos é a festa de todos os cristãos: os que forem e os que são. É a festa da família de Deus, a festa em que a Igreja se celebra a si própria em todas as vertentes por que pode ser olhada: triunfante, naqueles que, tendo adormecido no Senhor, gozam da felicidade da bem-aventurança eterna; militante, naqueles que continuam a sua peregrinação terrena à espera do Senhor que há-de vir e a torná-lo cada vez mais próximo no louvor que lhe exprimem, no bem que semeiam à sua volta, no trabalho que desenvolvem para transformar o mundo e gerar dele a Cidade Nova em que Deus será tudo em todas as coisas.
Infelizmente, à festa de todos os Santos, segue-se no dia 2 de Novembro, o dia dos Fiéis Defuntos – os Finados. É a festa da saudade que, ao que parece, fez esquecer a festa da alegria que é o 1 de Novembro. De facto, com a azáfama de arranjar sepulturas, de pôr flores nas campas, parece que toda a atenção se fixa nos que nos eram queridos e já partiram de nós. Veja-se a cobertura televisiva que é dada ao evento, onde só aparecem cemitérios e flores.
Lamento que assim seja. Porque os entes queridos que nos deixaram também são celebrados no dia de Todos os Santos que é, repito, a festa de toda a família de Deus. Quanto ao culto dos mortos, ao sufrágio de suas almas, permito-me lembrar S. Agostinho, para quem a lembrança dos que partiram mais serve para consolo dos vivos do que para refrigério dos mortos.
Para mim, a festa de Todos os Santos inclui a celebração de todos – mesmo todos – viveram ou vivem acreditando em Jesus Cristo e são membros do Seu Corpo Místico.
©J. Tomaz Ferreira