“Tenho um amigo que é visitador. Visita, voluntariamente, presos nas cadeias. Admiro-o muito por isso, além de ser difícil resistir à sua inteligência, simpatia pessoal e permanente disposição de ajudar o próximo, sempre mais quanto mais este necessita.
O cárcere, tal como a privação de liberdade, é tão antigo como a vida do Homem. O que nos diz, entre outras coisas, que a liberdade é um bem muito grande e que o maior castigo, além de tirar a vida a um ser, é privá-lo da liberdade. Penso que para aqueles de nós que crescemos num ambiente cristão, senão mesmo no culto dos seus valores, o conceito de liberdade está unido ao da justiça, ao do perdão, ao da penitência e ao da reconciliação. Como a justiça é inseparável dos direitos que assistem a cada pessoa, há que impedir que esses direitos se percam ou que o seu livre exercício fique muito limitado.
Uma pessoa pode estar presa, privada da sua liberdade, dos afectos que lhe são caros mas nem por isso pode deixar de, no seu íntimo, se sentir livre como espírito, vontade e coragem, capaz de se libertar a si própria do ódio, dos desejos de vingança, apesar de confinada a um espaço limitado.
Ao lado da justiça está o perdão. Com frequência este é considerado como uma debilidade, uma fraqueza, uma cobardia. Penso o contrário. O perdão oferece-se e aceita-se como um gesto de superação pessoal, de valentia, de reconhecimento da necessidade de ser perdoado.
Cometeu-se o mal, há que pagar por ele. Esse é o conceito de penitência. Por fim a reconciliação é aproximar-nos do que nos havíamos afastado. Por estas e por outras é que admiro a força, a paciência, o sacrifício desse meu amigo visitador, com o seu trabalho voluntário tão eficaz, anónimo e solidário.
Nunca lhe perguntei se era religioso, se faz o que faz por fé ou apenas por dever próprio da sua consciência. Sei que é um homem feliz e de muito bem com os outros e consigo próprio. O que tem muito a ver com a liberdade de que falávamos no princípio desta nossa conversa.”
O cárcere, tal como a privação de liberdade, é tão antigo como a vida do Homem. O que nos diz, entre outras coisas, que a liberdade é um bem muito grande e que o maior castigo, além de tirar a vida a um ser, é privá-lo da liberdade. Penso que para aqueles de nós que crescemos num ambiente cristão, senão mesmo no culto dos seus valores, o conceito de liberdade está unido ao da justiça, ao do perdão, ao da penitência e ao da reconciliação. Como a justiça é inseparável dos direitos que assistem a cada pessoa, há que impedir que esses direitos se percam ou que o seu livre exercício fique muito limitado.
Uma pessoa pode estar presa, privada da sua liberdade, dos afectos que lhe são caros mas nem por isso pode deixar de, no seu íntimo, se sentir livre como espírito, vontade e coragem, capaz de se libertar a si própria do ódio, dos desejos de vingança, apesar de confinada a um espaço limitado.
Ao lado da justiça está o perdão. Com frequência este é considerado como uma debilidade, uma fraqueza, uma cobardia. Penso o contrário. O perdão oferece-se e aceita-se como um gesto de superação pessoal, de valentia, de reconhecimento da necessidade de ser perdoado.
Cometeu-se o mal, há que pagar por ele. Esse é o conceito de penitência. Por fim a reconciliação é aproximar-nos do que nos havíamos afastado. Por estas e por outras é que admiro a força, a paciência, o sacrifício desse meu amigo visitador, com o seu trabalho voluntário tão eficaz, anónimo e solidário.
Nunca lhe perguntei se era religioso, se faz o que faz por fé ou apenas por dever próprio da sua consciência. Sei que é um homem feliz e de muito bem com os outros e consigo próprio. O que tem muito a ver com a liberdade de que falávamos no princípio desta nossa conversa.”
Joaquim Letria, in MAIS ALENTEJO, Novembro de 2008, pag. 1