terça-feira, 20 de maio de 2008

Guerra ao integrismo...

Antologia

A NOSSA IGREJA

Como vê, sufocamos nos nossos compartimentos, nas nossas categorias fechadas. Sem romper os organismos mais restritos, impõe-se fundi-los, sintetizá-los: o Homem, nada senão o Homem, nada menos do que o Homem como quadro das nossas ambições e das nossas organizações. Como é possível que seja preciso repeti-lo a católicos? Não há dúvida de que por vezes se tem a impressão de que as nossas igrejinhas nos escondem a Terra. Ocorre-me agora um pensamento que já tive vai para mais de dez anos. Quer-se identificar a ortodoxia cristã com um “integrismo”, isto é, com o respeito pelos mais pequenos mecanismos dum pequeno microcosmos construído há séculos. Na realidade, o verdadeiro ideal cristão é o “integralismo”, a saber, a extensão das directrizes cristãs à totalidade dos recursos contidos no Mundo. Integralismo ou integrismo, Dogma-eixo ou Dogma-quadro, eis a luta em curso, desde há mais de um século na Igreja. O integrismo é simples e cómodo, para os fiéis e para a autoridade. Mas exclui implicitamente do Reino de Deus (ou nega por princípio) as enormes potencialidades que se agitam por toda a parte à nossa volta, na ordem social, moral, filosófica, científica, etc. Aí está a razão por que lhe declarei guerra de uma vez para sempre.

Teilhard de Chardin
, Carta a Léontine Zanta de 22 de Agosto de 1928.