sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Porque morreu Jesus? - Parte I

*Alfa e Ómega

POR QUE MORREU JESUS

Sobre a morte de Jesus fala-se muito, e não só entre os cristãos. O Processo de Jesus já foi tema de peça de teatro célebre que Diego Fabbri escreveu e que os palcos de todo o mundo viram representada.
Para os cristãos, a morte de Jesus é, acima de tudo, o Sacrifício da Nova Aliança, que se repete todas as vezes que a assembleia cristã se reúne para celebrar a Eucaristia, seguindo a ordem do Senhor: Fazei isto em memória de Mim (Lc., 22, 19). E, ao celebrar a Eucaristia, a comunidade dos crentes está a anunciar a morte do Senhor, até que Ele volte (Cf. 1Cor., 11, 26). Sabido como em todas as religiões o sacrifício é o acto supremo de culto, têm razão os cristãos que vêem na Eucaristia o ponto mais alto do culto que prestam a Deus.
Identificada como acto sacrificial, a morte de Cristo – morte cruenta e dolorosa como evidentemente foi – é o preço do nosso resgate, o acto que nos libertou do poder da morte para a graça da vida que não tem fim, o acto que nos libertou das grilhetas do pecado e nos restituiu a liberdade dos Filhos de Deus, fazendo dos crentes um povo de reis.
Mas, baixando um pouco mais ao nível das realidades meramente terrestres, podemos também fixar os nossos olhos no facto histórico da morte de Jesus e, em termos humanos, analisá-lo, para vermos em que consistiu, e como foi que um homem que não consta que tivesse feito mal a ninguém – pelo contrário, passou fazendo o bem e curando a todos, segundo o testemunho de S. Pedro (cf., Act. 10, 38) – acabou condenado à morte no tribunal do Sinédrio judaico.
Em primeiro lugar, há que notar que o comportamento de Jesus face à sociedade do seu tempo foi efectivamente provocador. Num país e num povo cuja vida girava por inteiro à volta da religião, Jesus apresentou-se como um pregador. Ora, a mensagem que ele transmitia ia ao arrepio do que diziam e ensinavam os sábios arvorados em guias do povo – os escribas, doutores da Lei – e do que praticavam os membros das seitas mais conceituadas, nomeadamente os fariseus. Comum a todos era o apregoado culto da Lei de Deus. Só que, com base nos 10 Mandamentos, tinham arquitectado um emaranhado gigantesco de pequenas e grandes obrigações que somavam largas centenas de preceitos. Era o ritualismo seco em todo o seu esplendor, um ritualismo de que estava ausente o amor de Deus e do próximo – o preceito a que, interrogado, reduziu Jesus tada a Lei e os Profetas (cf., Mt., 22, 40). O capítulo 23 de S. Mateus reúne os mimos com que Jesus não se inibiu de qualificar doutores da Lei e fariseus. Hipócritas, raça de víboras, sepulcros branqueados, foram alguns dos atributos com que Jesus os mimoseou
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J.Tomaz Ferreira
*Alfa e Ómega ( assuntos religiosos)