quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

*Politeia

A SÉRIO

O Ministro das Finanças veio reconhecer o que toda a gente sabe: que o Estado é mau pagador. Leva uma eternidade a ressarcir das dívidas que faz os fornecedores que lhe prestam bens e serviços. Cinco meses ou mais, parece que é o tempo médio que os organismos públicos, autarquias incluídas, levam para pagar. É evidente que esta delonga no pagamento é muito prejudicial às empresas, sobretudo pequenas e médias que, como toda a gente, têm direito ao pão nosso de cada dia e que muitas vezes se vêem privadas dele pela incúria e o desplante de um Estado caloteiro.
O Ministro anuncia em público um programa que, daqui a três anos, permitirá que as dívidas do Estado sejam pagas no prazo de 40 dias. Medina Carreira estranha: se, como deve ser, as despesas estão previstas no orçamento, não se vê porque são precisos três anos e um programa especial para fazer o que será possível de imediato…
Mas não é este o ponto. O ponto é que, logo após a divulgação da promessa do Ministro, a televisão ouve sobre o assunto o Dirigente duma associação empresarial –Pequenas e Médias Empresas, se não erro. E o que diz ele em comentário à promessa do Ministro? Pois… “que não é para levar a sério”.
Eis o retrato da relação dos cidadãos com o Estado: a desconfiança sistemática. Mas o que é que se esperava depois de tantas promessas feitas e deitadas ao rol dos esquecidos.
Com uma relação assim, qual o estado se saúde da nossa democracia?
Citizen Kane
*Politeia (assuntos da polis)